Espíritos

Moni & Sandra
Sempre ouvi dizer que as crianças conseguem conversar com os anjos ou até mesmo com os mortos, sei lá, algo relacionado a ainda não ter perdido a inocência ou coisa parecida. Fato é que no enterro da minha avó (Ver post O Velório) minha sobrinha, naquela época com apenas alguns anos de idade, disse para minha mãe e minha irmã que minha avó estava próxima a ela...

- Olha vó! A bisa está ali dentro! – E apontou para um tanque cheio de água que existia no cemitério, próximo ao local onde velávamos minha vó Délia.

Sou meio cético para estas coisas, mas tb aceito bem novas idéias ou coisas que não consigo entender muito bem, porém que tenham certa coerência. Por exemplo, eu acredito em Deus e Jesus Cristo e, desculpem, somente com fé podemos achar coerência na existência deles. Com o passar dos anos, aqueles com o olhar mais apurado e voltado para isto, percebem muitas coisas que somente fazem sentido com a existência de uma força maior. Destinos, milagres ou coincidências, tanto faz.

Numa noite destas meu filho, do nada, soltou um comentário diferente e que demonstrou que ele havia recebido aquela informação de outras fontes que não a escola ou da nossa educação. Não consigo me lembrar o que foi, mas era algo interessante e sábio demais para a idade dele.

- Matheus, onde vc ouviu isto? – Perguntei, já interessado de onde meu filho recebia outras informações, tipo, estranhos, TV...

- Do vovô Toninho. – Respondeu com serenidade.

Era tarde e eu o estava colocando pra dormir. A casa estava em silêncio e do quarto minha mulher conseguia ouvir claramente nossa conversa. Fiquei intrigado e comecei a fazer perguntas pra ele já com a intenção de saber se meu moleque tinha “estabelecido contato” com meu falecido sogro...

- É mesmo? E onde vc viu o vovô?

- Aqui no meu quarto...

Sogro Toninho
Meu filho ainda não formava muito bem as frases e tinha certa dificuldade em estabelecer uma seqüência lógica em uma história, então fui tentando montar a situação através das respostas que ele fornecia, porém ele não estava cooperando muito e em determinado momento me interrompeu...

- Papai... o vovô mandou vc fazer uma coisa...

Cara... deu até um calafrio. Do quarto eu consegui ouvir minha mulher engolindo seco e se ajeitando na cama pra poder ouvir melhor. Caraca... agora eu descubro se meu gordinho realmente anda falando com o espírito do Seu Antônio...

- Pai... o vovô Tonhinho... disse que vc tem que comprar um monte de presentes do BAKUGAN pra mim! - Respondeu o safado fazendo cara de pilantra...

Matheus - 2006
Beijo sogro... saudade.

Torrequedismo

O Salto
Em 1991 o CPOR levou o Curso de Infantaria para visitar instalações Militares no RJ e uma das Unidades em que mais “interagimos” foi a Brigada Paraquedista...
 
A Torre
Sobre os paraquedistas do Exército posso adiantar algumas curiosidades:
  • Por serem os únicos do EB a usarem coturnos marrons, chamam o restante dos Militares de “pé preto”;
  • A amarração do coturno deles tb é diferente do restante dos Militares e, muito bonita, por sinal;

Amarração tipo Pqd
  • Além da coragem inerente à atividade (afinal saltar de um avião não é coisa pra qualquer Zé Mané) o preparo físico destes Militares é invejável. Os melhores corredores do EB geralmente serviram na Brigada Paraquedista e mesmo os Paraquedistas Militares mais rechonchudos são bons na tal da "corridinha mixuruca";
  • Odeiam a frase "pular do avião". O termo correto é "saltar";
  • É uma Tropa de Elite e o espírito de união é acima da média;
  • A confiança no companheiro é extrema, já que a preparação do equipamento algumas vezes é realizada pelo outro combatente, quase sempre um subordinado.

Na visita não teve “ralação” e nem precisou. Foram explanadas diversas técnicas de treinamento e apresentados vários materiais usados nos saltos, porém deixaram a surpresa para o final.

- Atenção! Todos os Alunos do Curso saltarão da Torre! Quem amarelar lá em cima, eu vou empurrar! – Profetizou nosso Instrutor Chefe do Curso.
 
Nunca fui cagão e nas atividades do Exército sempre era voluntário, mas saltar de uma altura destas?

Diploma de Torrequedista
A Torre servia pra preparar o combatente para a posição correta de salto e tb para acostumá-lo com a atividade “se jogar”. Percebe-se que a "cabine" da Torre de salto simula a porta do avião, porém a sensação de segurança de estar pendurado não existe. Na foto parece que  Militar salta com as tiras já esticadas, mas na realidade elas ficam soltas nas costas como se não existissem, ou seja, vc salta para o nada! Tipo Bungee Jumping. De repente vem o tranco e a partir daí se torna uma tirolesa normal, como aquelas que encontramos nos passeios civis de arvorismo.

- Moscone! Vc vai imitar o Gil Gomes lá em cima! – Determinou o Tenente Abiud.

Manda quem pode e obedece quem tem juízo... e lá vou eu, após gritar o texto pré-determinado e imitando a voz do meu ídolo...

- A porta do avião! Vou Saltar! Velame! - E Zummmm para baixo....

E isto foi o mais perto que cheguei de um salto de paraquedas, bungee jumping, ou qualquer coisa do gênero.


Aluno 1014 - Moscone
Abraço

Merry christmas

Matheus em 2005
Nesta época de Natal fico muito sentimental e curto muito esta atmosfera de família, confraternização e tudo mais. Uma das coisas que gosto de fazer dias antes do natal é assistir alguns filmes sobre o tema juntamente com minha mulher e meu filho. Nesta batida minha melhor indicação de cinema para aproveitar este clima é a animação “Expresso Polar”.

O filme é de 2004 e conta com alguns personagens baseados no ator Tom Hanks. Já assisti várias vezes e a cada uma delas me emociono com a mensagem de fé e inocência que este desenho transmite, aliás, como poderia não gostar de uma seção de cinema ao lado das duas pessoas mais importantes da minha vida: Meu gordinho e meu colchãozinho (Ver post Mara Cogo).

Mara Cogo em 2001
Este vídeo é para os mais saudosos... até hoje minha família canta esta canção na noite de Natal...


Feliz Natal a todos!

Saco de brinquedo

Matheus e Mara Cogo - Av. Paulista em 2006

Não tem o que falar, fique quieto. É melhor as pessoas ficarem na dúvida se vc é um idiota do que, após vc abrir a boca, elas terem certeza.

Era época de Natal, e um cliente do Karaokê (Ver o post A Foto Perfeita ou Uma História de amor)  resolveu me testar...

- E aí Moscou, vai se fantasiar de Papai Noel este ano?

Sem pestanejar devolvi...

- Porquê? Vc tá a fim de ver o meu saco?

Perco o cliente, mas não perco a piada.

PS: Ele nunca mais voltou e... Foda-se! rsrsrsrs

Momento cultural: PS vem do latim. É a abreviatura de "post scriptum" . Significa “o que vem após o que foi escrito”.

Abraço

Profissão Office boy


Moscouzinho
Comecei a trabalhar com 14 anos em uma Corretora de Câmbio no Centro de São Paulo. O proprietário da empresa era vizinho do meu pai e me contratou, na amizade, como Office Boy (Ver posts Moscou - 1987 e Idade - 14 anos). Naquela época existiam 2 tipos de Office Boy: o de rua, que andava de ônibus o dia inteiro ou camelava pelo centro de SP, e o de escritório, mais famoso como Contínuo, um pouco mais chique e que realizava na maioria das vezes serviços internos.

- Alemãozinho! Preciso que entregue esta documentação em Pirituba. – Ordenou o chefe dos Boys...

- Mas seu Adilson, são quase 15:00 h. e o expediente só vai até as 17:20! - Choraminguei sem sucesso...

Grandes merdas... tinha que ir... e eu fui, que nem uma bala. Eu já conhecia o lugar, caminho, ônibus que iria tomar e até onde era ponto que deveria esperar a bumba... na Rua Xavier de Toledo, ao lado do extinto "venha correndo" Mappim e próximo ao "eterno em reformas" Teatro Municipal.

Rapidamente atravesso o Viaduto do Chá e quando viro a esquina vejo o busão chegando e a apenas poucos metros do ponto. O semáforo estava fechado e alguns carros aguardavam parados à frente do coletivo. Percebi que não havia ninguém aguardando a chegada do ônibus e que este não pararia para poder aproveitar o sinal aberto. Apressei-me no encontro dele e me posicionei na porta de trás. Sim, naquela época ainda se entrava pela porta de trás, e mais, quando o ônibus chegava no ponto final todos desembarcavam e caso desejassem seguir viagem no mesmo coletivo tinham que pagar a passagem novamente. Isto para um Office Boy significava uma rica parte do salário.

Dei 3 soquinhos na porta para que o motorista abrisse. Ele olhou pelo retrovisor... e me ignorou. Bati mais 3 vezes na porta... ele olhou de novo no retrovisor e apontou para o ponto de ônibus que estava a alguns metros à frente, e... sumiu do retrovisor. Eu ainda conseguia ver apenas parte de seu ombro.

- Filho da puta. Tá de sacanagem!

Isto era normal. Os Office Boys tocavam o terror na busanga, então os motoristas e cobradores descontavam da maneira que podiam, passando direto nos pontos de ônibus ou fazendo isto... só liberar a entrada quando a porta de trás chegasse exatamente no ponto.

Acontece que eu não podia perder aquela chance de ouro. Com aquela partida eu poderia sair no horário do trabalho (Picar o cartão às 17:20 h.) e ainda chegar a tempo para a aula noturna do Colégio. Decidi então tentar novamente. Dei mais 3 socos no vidro da porta de trás... o motorista apareceu de novo no retrovisor, ficou me olhando, mas não abriu a porta... Comecei a gesticular bastante e a falar, sem emitir nenhum som, para que ele abrisse a porta pra eu entrar... mas o motorista motorista voltou a sumir do retrovisor, completamente.

Fiquei puto. Novamente bati na porta do ônibus, só que agora com a palma da mão aberta, com força. Parecia que o vidro da porta quebraria tamanha foi a violência das pancadas... Desta última vez o motorista nem mesmo apareceu no retrovisor, porém a porta se abriu. Entrei triunfante, como se tivesse vencido uma batalha...

- É isso aí caralho... se não abrisse eu arrombava... – Entrei falando grosso, mas bem baixinho.

Estranho. Todos me olhavam assustados, ou seriam curiosos? Sei lá... passei por alguns bancos... um cara me olhou e eu esbravejei...

- É foda, né?

Ele deu com os ombros sem dizer nada. Sentei-me bufando, tipo,” tô nervoso”, “não mexe comigo!”.

O ônibus então deu partida, andou os poucos metros que faltava para chegar ao ponto e parou... Pensei:

- Cassete, todo este mico e o busão parou pra pegar alguém. Não precisava nada disto.

De repente todos começaram a se levantar, passar a catraca e descer do ônibus... e eu lá... sem entender nada.

- Vamos moleque, vc tem que pagar e descer – Disse o cobrador, gesticulando e apontando a roleta.

- Porquê? – Perguntei indignado e já afrontando sua autoridade.

- Porque aki é o ponto final!

Abraço



Thanks: Kátia

Sub Novaes

SubTenente Novaes
- Novaes! Qual a escalação do Uruguai na final de 50?

- Tenente Moscone... Militar competente, bonito, esbelto...

- Não enrola Novaes, fala logo!

- Maspoli, Mathias , Gighia, Julio Perez, Schiafino, Gambeta, Obdulio Varela, Rodrigues Andrade, Miguez e Moran... Ah! O Técnico era o Freitas Solich.

Então todos caíam na risada. Claro que eu perguntava isto sempre que a cantina estava cheia de soldados. Fiz isto tantas vezes que decorei a maior parte daquele time que bateu o Brasil em 50 no famoso "Maracanazo".

Como comentei anteriormente (Ver post Soldado Anônimo) o Sub Tenente Novaes tinha uma cantina dentro do 2º BPE, tanto na Abílio Soares como depois em Osasco. Militar reformado, não sei se ele chegou a combater realmente, o que sei é que ele fez parte da força de paz da ONU no Canal de Suez. Gente da melhor qualidade!

É sabido a dificuldade que o EB tem em conseguir recursos do Governo para custear tanto a manutenção das instalações quanto suas raras e necessárias melhorias, porém o empenho dos militares de cada Unidade e as rotineiras doações de civis simpatizantes possibilitam manter nosso glorioso Exército ainda na ativa. O Sub Novaes era um cara de contatos e, dizem, que ele foi um dos grandes responsáveis pela construção do Quartel na Abílio Soares devido às doações que conseguia para o 2º BPE, além de outras contribuições... a lista é extensa!

Meu amigo Fausto (Post Jesus on-line) serviu na PE em 1991 como Sd Motorista e contou que em certa ocasião levou o Sub Novaes de Vtr pra comprar ou receber doação de algum material, não me lembro bem, na região da marginal Tietê - SP. Curiosamente durante a missão, eles foram abordados por um civil...

- Novaes! Meu grande amigo!

Era o apresentador de TV Raul Gil que se aproximou e deu um grande abraço no Sub Tenente.

Este tipo de história vc só conseguiria ouvir dos outros... o Sub Novaes era muito humilde para contar vantagem sobre alguma coisa.

Abraço amigo Novaes, esteja onde estiver!

São Paulino?

Foto do Tio Chicão... no Google Street!
Início da década de 80 - Um vizinho nosso convidou eu e meu tio Chicão para assistir ao clássico São Paulo X Corinthians no estádio do Morumbi. Como comentei no post, ATARI - Um convite à inocência, a situação em casa não era muito boa e não tínhamos grana para pagar as a entradas... o ônibus... o lanche, ou seja, não iríamos.

- Eu pago, mas vcs terão que ficar comigo na torcida do São Paulo. - Avisou nosso amigo São Paulino.

Aceitamos de imediato, afinal não era sempre que conseguíamos assistir um jogo do Timão, ainda mais na faixa!

Domingão, tempo fechado, mas sem chuva, e lá fomos nós, eu, meu tio Chicão e o vizinho pagante Douglas. Tudo muito bom, tudo muito legal. Já dentro do famoso estádio panetone (Redondo e cheio de frutinhas) nos posicionamos num local muito bom na arquibancada, porém no meio da torcida do São Paulo. Não foi do lado, na parte de baixo ou na de cima, e sim no meio da bicharada.

Uns 100, 110 mil torcedores no estádio. Isto mesmo, naquele tempo o Morumbi balançava muito mais e suportava 120 mil pessoas... na boa. Acho que encolheu de umas décadas pra cá, não sei. Meu vizinho estava com a camisa oficial do São Paulo, aquela branca tradicional, com a pizza no meio, muito bonita, e eu e meu tio com “roupas civis” para não dar bandeira. É pessoal, no início da década de 80 já rolava um atrito forte entre torcidas, um pouco menos que hoje, concordo, porém negócio de “assistir o espetáculo”, foi bem antes dos anos 80 e naquela época já era "proibido" entrar no meio da torcida adversária com a camisa do clube amado.

Começa o jogo... e que jogo feio. Pra resumir não aconteceu quase nada de bom o jogo inteiro. Dizem as má línguas que o Sócrates estava meio chumbado naquele dia (Manguaçado!). E eu lá, meio desligado da partida e olhando pro outro lado do estádio... tudo preto e branco e cheio de maloqueiros. Deste lado, milhares de bambis engomadinhos e comportados. Caramba, do outro lado pelo menos eu estaria ouvindo a torcida empurrar o time, pois a torcida do São Paulo já naquela época, só se empolgava quando o time estava bem na partida.

Começou a esfriar no Morumbi e eu lá, travelling on the mayonaise (Ver post English for Everybody). Veja bem, 10 anos de idade, com fome, frio, num jogo chato pra cassete e sem poder gritar um pouco pra acelerar as partículas, tava em outra dimensão. De repente, jogada pela esquerda, cruzamento não sei de quem e o Magrão escorrega na pequena área e empurra a bola pra dentro do gol do Valdir Perez...

- Gol!!! – Levantei e gritei de sopetão.

Meu tio me puxou pelo fundo das calças e, não sei como, "gritou baixinho"...

- Senta Alemão...

- Aí, esse moleque é corintiano? Aí, esse filho da puta, é corintiano! – Começaram a gritar imediatamente.

Os são paulinos devem ter ficados muito nervosos... uma torcida tão educada e xingando daquele jeito... foi impressionante!

- Ô tio... não foi gol do São Paulo? A gente não faz gol deste lado? – Comentei rapidamente em voz alta pra tentar despistar...

- Esses filhos da puta são corintianos! São corintianos!  - Alguns gritavam.

Meu tio levantou e...

- Se liga aí porra! Não tá vendo que é criança! O moleque não entende!

E eu lá com cara de paisagem e tentando fazer cara de desentendido, mas não estava colando. Acho que meus cabelos loirinhos e os pequeninos olhos verdes confundiram os caras um pouco, mas meu tio... é um negão que ía acabar entregando a rapadura. Esperamos uns 5 min, levantamos e saímos de fininho sob comentários nada amistosos da torcida São Paulina. E o outro lado em festa, em preto e branco, bandeiras agitadas e com um bando de loucos gritando...

Paulo, Sidnei, Léo, Matheus, Moscou, Vitor & Mandão
Corinthians 0 X 1 Bahia - 2008
Abraço

Rap do Niltão

Ten Moscone & Sgt Nilton
Dono de frases como "Soldado não me arranje pobrema", "Menino vem aqui!" e muitas outras relatadas no vídeo abaixo, este 1º Sgt sempre foi bem peculiar. Duro de dizer, mas ele era formado em Matemática como eu. Até aí normal... "De matemático e louco todos temos um pouco!". Evangélico fanático, gostava de usar a tropa como público de seus cultos ecumênicos até que o Comando começou a reduzir sua área de atuação devido às reclamações da Tropa.

Lembro que em uma das minhas rondas, enquanto descia a escada da CCSv, ouvi um Sd motorista comentando com outro...

- Blz... O Ten Moscone é tranquilo... agora é só passar o pernoite, tomar um banho e torar a noite inteira.

Acontece que quando o militar está de serviço ele não pode tirar nem mesmo a gandola ou o coturno para dormir, quanto mais tomar banho, sem contar o comentário totalmente infeliz. Calmamente cheguei perto do Sd bisonho e...

- Bonito combatente! Vai tomar bainho? Não vai não! Vai fazer ronda comigo a noite inteira!

O Oficial de Dia da Unidade realiza rondas aleatórias durante o serviço e eu costumava fazer algumas durante o dia e no máximo 2 durante a noite, tipo uma às 23:30 e outra às 03:00 h., porém naquele serviço eu estava com o capeta no corpo e já havia decidido que a guarnição iria sofrer pressão "all nigth long".

- Vc é espertão, né? Vai ser meu sombra até amanhã!

Ou seja, onde eu fosse ele tb íria. Nada de banho ou soneca. Viraria os "óio" comigo.

- Pô tenente, não sacaneia...

- Vou fingir que não estou ouvindo. Quer ficar preso? Então cala a boca... Aliás, sombra não fala.

Ten Moscone, uma imagem & Sgt Nilton
E fomos andando para a área do pátio, em frente a 1ª Cia, onde seria realizado o Pernoite (Sobre o Pernoite ou a Revista do Recolher falarei em outro post, ok?). A Tropa já aguardava e algumas orientações eram passadas pelo Sgt Adjunto. E adivinhem que era o Adjunto daquele serviço? Niltão. Parei. Pensei. Olhei para o "sombra"e...

- Não Tenente, não! Sacanagem! Nem pense! Por favor...

Dei um sorriso maldoso... e segui em frente sem falar nada. O Adjunto apresentou a Tropa e eu iniciei...

- Atenção, hoje temos que ficar atentos...

E segui normalmente com as orientações rotineiras que sempre passávamos à guarnição de serviço, sempre sob o olhar "pidão" do Sd Sombra, tipo como o Gato de Botas do Shrek, tá ligado? Quando terminei, dispensei o grupamento, porém...


Gato de Botas - Shrek 2
 - Sd Sombra, comigo! Sgt Nilton, por favor. Este Sd está precisando do "Senhor no coração". Acho que umas 2 horas de conversa lhe fariam muito bem.

- Pois não Tenente! Pode deixar. Posso tb pegar a guarnição de serviço?

Os soldados, que ainda permaneciam ali, começaram a gesticular desesperadamente pra mim pelas costas do Sgt...

- Não. Somente os detidos, ok? Mas por pouco tempo, por favor. Peço atenção especial para este aki.

- Por favor Tenente, não sacaneia... Eu serei o sombra... O Sgt Nilton não...

- Cala a boca Sd. O Tenente falou, não pondera! - Retrucou em cima o Sgt Nilton..

Abraço

Uma história de amor

Sidnei & Moscou
Contratamos um cozinheiro para nosso restaurante (Post: A Foto Perfeita) e desde o princípio tive minhas dúvidas quanto à masculinidade do rapaz, mas até aí, ele estava sendo contratado para ser cozinheiro e não como macho de plantão no Karaokê. Contudo, após algum tempo, ele se envolveu com uma de nossas atendentes e acabaram indo morar juntos.

Pra mim não foi o suficiente. Só isto não convenceu. Penso que “se o cara gerar dúvida... é viado!”. Costumo até brincar que “se um dia vc achar algo estranho em mim... é pq virei viado”. Simples assim. Meu sócio já não entendia da mesma forma e mantinha brincadeiras com o cara, tipo coisa de moleque, porrada, cócegas, etc...

- Sidnei... este cara é viado... fica esperto. – Eu dizia para ambos.

- Pára seu Alexandre... – Respondia o cozinheiro.

Veja bem, eu já não gosto de ficar encostando em homem, ainda mais um que “gera dúvida”, mas eles eram adultos. Eles que se fodam.

Uma vez o Sidnei pegou um espanador, daqueles coloridos que vendem na 25 de março, e tuchou na bunda do cara, brincando. O estranho foi que ao invés do cara pular pra frente, tipo “êpa!”, ele foi pra trás quase que sentando no cabo do utensílio, tipo “aiii!”.

- Não... nada a ver. O cara é casado! – Sempre justificava meu sócio.

E eu respondia seco ... – Viado!

Um dia a garçonete que casou com o cozinheiro fez um comentário curioso durante uma destas brincadeiras do meu sócio...

- Seu Sidnei... aconteceu um negócio com o TarcíLio que se o senhor soubesse... é melhor deixar pra lá...

Deu com os ombros, jogou o pano de prato no ombro e foi para a cozinha. Mesmo com a gente insistindo muito ela não contou do que se tratava. Como não me interessava, deixei de lado. Porém o destino decidiu que esta história não seria esquecida tão facilmente.

Meu sócio foi comprar uma cama em uma loja do Lar Center – SP, porém no momento de fechar o crediário foi constatado que ele “estava com o nome sujo”. Ele lembra que os vendedores até sacanearam ele...

- Ah... sei... o senhor não sabia? É... acontece...

O débito pendente era da Telefônica. Após alguns dias e muitas consultas ele descobriu o mal entendido. O tal cozinheiro, demitido pouco tempo antes, havia praticado estelionato contra ele. O malandro conseguiu o nº do CPF do meu amigo e cadastrou um telefone no nome do meu sócio, mas no endereço da casa dele. Após uns 3 meses e por volta de R$ 700,00 de dívidas pendentes, a Telefônica cortou a linha e protestou meu sócio. Foi então que eu trouxe a tona o antigo comentário da garçonete sobre o cozinheiro. Resolvemos chama-la num particular e exigimos que ela contasse o que havia acontecido no passado...

- Seu Alexandre... não tem nada a ver... eu tenho vergonha...

- Gláudia, vc vai ter que me contar... eu confio em vc, mas agora estou em dúvida. Vc não está envolvida nisto, né? Por favor, nos ajude.

- Tá bom... Sabe... É que outro dia eu e o TarcíLio estávamos no rala e rola e eu resolvi dizer pra ele se soltar, falar ou fazer aquilo que ele quisesse... e ele então, após relutar alguns instantes, gritou repetidas vezes...

- VEM SEU SIDNEI! ME COME GOSTOSO, SIDÃO!

Foto do Mestre Cuca TarcíLio
Abraço

Desculpem, mas decidi não divulgar os nomes verdadeiros dos funcionários envolvidos.

Los Tres Amigos

Al Moscone ao centro e à direita, Sd Viana (Fausto)

Enquanto eu era Aluno do CPOR, meu amigo Sidnei servia no 2º BG e o Fausto no 2º BPE. 

Na minha formatura de CPOR adivinhem quem foi servir de “jarrão” no Palanque? Fausto.

O CPOR visitou o 2º BG e, claro, meu amigo Sidnei estava lá pra me falar “oi”. Ele era Sd Motorista.

No meu 2º ano de PE tive a oportunidade de Comandar a 1ª Cia de Polícia, onde o Fausto serviu tb como Sd Motorista.

Esta experiência conjunta uniu ainda mais estes três amigos que quando se reuniam não conseguiam falar de outra coisa que não os tempos de caserna. Esta intersubjetividade levou à idéia de abrir um Karaokê em sociedade (Ver post A Foto Perfeita).

Até mesmo namoradas tivemos em comum... em tempos diferentes e as vezes ao mesmo tempo... mas estas são histórias pra outro post.

Fausto, Moscou & Sidnei
Abraço

Zé Tiroteio

 

Zé Tiroteio
Década de 90. Eram umas 3 da manhã quando entrei de carro na rua da casa em que minha mãe mora. Eu retornava de alguma casa noturna de São Paulo e me deparei com uma cena interessante. Meu tio, vulgo Zé Pulga, estava no meio da rua com uma pistola em uma das mãos e na outra ele chacoalhava um cara qualquer.

Meu tio mede aproximadamente 1,85 m de altura e este apelido foi conquistado ainda em sua juventude. Diz ele que por conta de suas extrapolias quando jovem. Não sei. Nunca gostei do apelido Zé Pulga e com o passar do tempo passei a chamá-lo de Zé Tiroteio. Toda a família aprovou... Acho que devido às histórias malucas que ele conta (e que eu sou fã!) ou a um caso em específico...

Lembro que ele guardava o carro na garagem, se não me engano um fusca, e em uma noite qualquer um vagabundo invadiu o local e acabou acionando o alarme do carro. Assustado com o barulho, o meliante evadiu-se rua abaixo. Rapidamente, porém ainda sonolento, o até então Zé Pulga, abriu a janela e começou a atirar na direção do bandido. Detalhe, ele abriu o suficiente pra colocar a mão para fora da janela e começou a atirar a esmo. Sem ver nada, sem apontar, sem noção! Passei a chamá-lo de Zé Tiroteio. Esta é uma das muitas histórias deste meu querido parente e que se torna agora personagem deste blog. Muitos sempre duvidaram dos feitos mirabolantes que ele conta, mas eu já presenciei alguns que levam a crer que ele realmente vivenciou muitos deles. Na maioria ele pode até ter aumentado um pouquinho, porém os que contarei nos próximos posts tiveram tb a minha participação...

De volta ao meio da rua... estacionei o carro e desci calmamente...

- Tio, que porra é esta? Solta o cara...

- Esse filho da Puta tava estuprando aquela moça ali! - E apontou para uma garota que estava sentada no meio fio... e que, ao me ver, começou a chorar.

O cara realmente aparentava ser um vida torta e a garota, bem, em poucos segundos eu percebi que se tratava da galiranha do próprio cara. A situação era muito clara pra mim, o cara aloprou com ela por droga, pinga ou alguma outra porcaria e acabou dando uns colas nela. Ela deve ter começado a gritar qualquer coisa pra não apanhar mais. Meu tio Zé costumava sair para conferir qualquer barulho na rua, consequentemente, entrou de gaiato na história e caiu no caô da maloqueira.

- Tio... ô meus Deus... solta o cara - pedi calmamente, já que este tipo de ocorrência era normal em nossa família e que nunca dava em nada...

- Não, esse cara é safado, não é menina? - e a garota só fingia que chorava...

O pilantra sentiu que meu tio estava sobre o efeito Tubaína, só pressão, e começou a dar uma de esperto...

- É maluco, solta aí, solta aí se não o bicho vai pegar...

Pra quê. O tio Zé soltou ele por 1 segundo, carregou a pistola, agarrou-o novamente e meteu a arma na cabeça do laranja...

- Agora cê vai pro saco, safado!

Fudeu. Pelo seu olhar ele realmente tinha a intenção de atirar. Nunca tinha visto meu tio daquele jeito. Totalmente descontrolado. Fui pra cima dele, mas com tanta cautela que até o malaco percebeu que estava por um fio. Foi neste momento que encostou uma viatura da PM...

- Opa Istivi! Cabo Alborgueti... e este é o Tenente Moscone! QAP...

Cassete, me fudeu. Olha minha carreira indo pro saco, aliás, com o tempo vcs verão que esta foi uma das muitas vezes em que ela esteve ameaçada. Lembram do post "Mata a véia"?. Parece que "grandes alterações" sempre me procuraram, mas uma "força maior" nunca deixou que elas me derrubassem.

A equipe de Papa Mikes era formada por um sargento e um soldado, o 1º era atarracado, baixinho, de bigode e extremamente calmo. O outro policial era alto, tipo parede, vestia sobretudo azul, usava a boina de lado, tipo Rota e parecia a fim de dar porrada em alguém. Ele tb não era de muita conversa e, da mesma forma que eu, ambos perceberam logo a situação...

- O que cê tava aprontando? - perguntou o soldado para o suspeito.

- Não fiz nada senhor... não fiz nada... e eu sou menor...

Pronto... Tomou um pé de oreia que deve estar zumbindo até hoje...

- Pensa que eu sou troxa pilantra. Menor? Cê vai sentir o tratamento pra menor. Vai pra dentro! - e colocou o cara "calmamente" dentro do xilindró.

Nota: não era menor porra nenhuma, ele só queira os respectivos privilégios até chegar ao DP e então ficar sob a asa do Delegado.

Enquanto isto eu e meu tio contávamos o que acontecera ao sargento, que permanecia lá, impávido colosso, sem dizer uma palavra até então. E agora, que o conhecia melhor, acrescento outra característica... ele era muito sinistro. O soldado retornou da viatura e pediu que a moça tb entrasse na viatura, no banco de trás. Meu tio, curioso, perguntou ao sargento o que aconteceria com o cara...

- Este aí nós vamos dar sumiço - respondeu o Sgt Batatinha com uma calma que até hoje me dá medo. E veja, o cara detido não estava ouvindo a conversa, logo, o militar não estava fazendo cena...

- Calma companheiro! - pediu meu tio com um tom de voz bem suave - Também não é assim, vc sabe como a corporação está queimada com este negócio do Rambo na Favela Naval (saiba mais)...

- Pode deixar, isto agora tá com a gente. Permissão Tenente - cumprimentou-nos apenas com uma rápida continência, entrou na viatura e sumiu na escuridão da noite.

Abraço