Rottweiler PE Arthur, eu acho... |
"É... tirei muito serviço de Oficial de Dia na PE e torrei muito soldado na Parada!"
Parada Diária: É uma das rotinas da caserna onde a guarnição que entra de serviço é avaliada. No vídeo até o totó esta em forma para a revista. Durante a Parada é verificada desde a documentação e o fardamento até o corte de cabelo, e aki eu faço uma pausa.
Todo soldado/cabo possui um "cartão de cabelo" que constitui um documento onde se controla a frequência de corte de cabelo do referido militar. Funciona assim, o soldado/cabo primeiro corta o cabelo "dentro do padrão", o popular Reco, e depois solicita a aprovação (Assinatura) de algum Oficial da sua Unidade, simples assim. Claro que só isto não exime estes militares de, mesmo estando com o cartão de cabelo em dia "com as mensalidades do baú", serem punidos por estarem com o corte de cabelo fora do padrão. Complicou? Desculpe, é assim que o negócio funciona. E funciona.
Postura, fardamento impecável, documentação em dia e barba feita. Alguns dizem que utilizavam algodão para saber se o camarada fez a barba corretamente. Lenda. Nunca vi ninguém fazer isto. E se alguém fez isto algum dia é porque queria causar. Na parada pode-se avaliar perfeitamente se o cara raspou a fuça. Deixem de história.
Eu costumava ser bastante razoável na revista, mas quando pegava um barbudo...
- Gosto muito de te ver leãozinho... Caminhando sob o sol, leãozinho...
Cantava a musiquinha do Caetano pro praça e... torrava o cara!
Funcionava assim, o Sargento Adjunto acompanhava o Tenente na revista e ía anotando o nº dos caboclos que o Tenente mandaria pra "Hora do Pato". Outra pausa...
A Hora do Pato era uma espécie de chance que o bisonho tinha para se explicar pro Comandante de Cia dele. Convenceu, tá liberado... Não, "teje preso"! Legal, né? Coturno mal engraxado, cartão de cabelo vencido, barba mal feita, e assim vai... Hora do Pato. E posso dizer que provar inocência na Hora do Pato era tão difícil como lamber o cotovelo.
Sobre a barba já falei, documentação e fardamento sem novidades, mas e a postura? Eu me referia a atitude de um militar sempre que está em forma. A tal da imobilidade. Mexeu, Hora do Pato. Coçou, Hora do Pato. Espirrou, Hora do Pato. Mosquitone dentro do nariz, Hora do Pato. Ai, ai, ai... em frente...
Após a Parada ainda rola um "desfile" da guarnição para o comandante da tropa. Detalhe para a Fanfarra. O som é meio mequetrefe porque ela é formada apenas por soldados que estão no serviço militar obrigatório de cada ano. Ela tem a finalidade de acompanhar as atividades básicas e de rotina na Unidade. Não confunda com as diversas Bandas do Exército, ok? Atenção tb para os totós que participam do desfile. Percebam que eles "marcham" ao lado dos condutores e sem o uso da guia. Chique né?
Hasteamento da Bandeira: Pára tudo! Este é o momento do nosso Pavilhão Nacional ser cultuado de uma forma exemplar. A pequena cerimônia diária é comandada pelo Oficial de Dia e a bandeira é conduzida pelo Sgt Adjunto, escoltado por dois soldados. Sempre em atitude marcial. Todos os dias pela manhã e ao final da tarde, antes do sol se por. Peço desculpas por não ter gravado a entrada da bandeira, acho que eu estava tomando café no Cassino do Oficiais (Refeitório) neste momento.
O corneteiro dita o ritmo da subida/descida da bandeira e, todo o contingente na caserna, pára pra saldá-la. Isto mesmo, até quem está dentro de uma sala qualquer deve se levantar, ficar voltado para a direção em que ocorre o hasteamento e prestar continência durante a execução do toque de corneta. Tipo como o muçulmano faz em relação à Meca, tá ligado? No banheiro, futebol, refeitório, e assim por diante. Levanta e presta continência. Estranho, diferente? É desta maneira em todos os Quarteis do Exército.
Podem dizer que é exagero e que o militar está a um passo do ridículo, mas quem passou pela vida militar entende como a preservação dos valores é tão importante na manutenção de uma instituição, condução de uma família ou na formação do caráter.
Abraço