E a segurança dos medicamentos durante a pandemia? |
56.000 comprimidos foram desviados entre 2015 a 2017. Funcionários responsáveis pelo inventário da farmácia falsificaram registros de entrada no estoque ou efetuaram baixas fantasmas. Venderam as cartelas no mercado negro e lucraram R$ 57.000,00. Pegos, foram condenados a prisão, mas isto foi nos USA, não no Brasil.
Hoje, diante da pandemia e recessão econômica, lucrar com o desvio de medicamentos e vacinas pode ser tentador, bem como as perdas do Sistema de Saúde giram em torno de bilhões! Os hospitais, Farmácias e Administrações Pública e Privada, têm obrigações com seus pacientes, funcionários e público, e devem controlar seus inventários, assim como a distribuição segura de medicamentos.
Com o COVID-19, houve pressão e urgência de resposta à pandemia... e consequentemente, afrouxamento dos processos. Tudo necessário, porém aumentou o risco de desvio de produtos farmacêuticos. E “as vulnerabilidades estão aparecendo mais rápido do que se pode controlar”.
As melhores práticas variam para diferentes realidades, como as de Farmácias convencionais para hospitalares, Clínicas para consultórios ou para a Indústria Farmacêutica.
Nas Farmácias convencionais, os farmacêuticos e empregados são os primeiros suspeitos e, em muitos casos, os culpados. Medicamentos vencidos ou que aguardam devolução para um distribuidor, são outro desafio.
Controle aproximado do inventário e manter os medicamentos em um armário seguro, até sua utilização, podem ajudar. Mostra-se necessária a atenção com a segurança física do estabelecimento, particulamente nos registros eletrônicos. Num arrombamento, assaltantes podem também subtrair os computadores utilizados nos controles de inventário, dificultando a identificação dos medicamentos furtados durante a ação.
Já as Clínicas médicas, geralmente, não armazenam medicamentos e possuem baixo risco, exceto em um ponto: O talão de prescrição médica. Muitas vezes, funcionários da Clínica fraudam receitas ou, se tiverem acesso, enviam falsas prescrições eletronicamente. Nestes casos, a segurança da informação é ignorada, facilitando a fraude. É importante que os médicos sejam alertados e protejam seus talões de receita, e nunca compartilhem senhas eletrônicas. Revisar rotineiramente seu histórico de prescrição também é recomendado.
Em Farmácias hospitalares, além dos pontos em comum com as convencionais, temos o foco em medicamentos líquidos e seringas. Estes precisam ser mantidos seguros, antes e depois de seu uso, por meio de políticas que limitam o acesso. Se possível, estabelecer que pelo menos duas pessoas estejam fisicamente presentes para conduzir e certificar cada atividade. E, novamente, os empregados dos hospitais são os principais responsáveis pelos desvios.
O foco do time de prevenção de perdas será na aquisição dos medicamentos, armazenamento, distribuição, devolução e descarte. Outros pontos serão a segurança física, áreas cirúrgicas, prescrições médicas e emergência. O Gerente de perdas deve trabalhar em conjunto com os Gestores, Jurídico, TI, Farmacêuticos e Chefes de Enfermagem. Estes conhecimentos técnicos e diferentes perspectivas auxiliarão na eliminação de anomalias.
Estudos mostram que 10 a 15% dos profissionais de saúde apresentam risco de uso de drogas. E estes funcionários são um risco no desvio de medicamentos. Diante disto, os 85 a 90% restantes dos funcionários, representam a primeira linha de proteção da organização e de seus pacientes. Eles podem ser treinados sobre que tipos de comportamento podem ter seus colegas de trabalho viciados. Exemplos incluem o não cumprimento de tarefas ou treinamentos, cochilos em veículos, estações de trabalho ou em banheiros durante os intervalos, ausência nas atividades sociais, recreativas ou profissionais. Podem apresentar pupilas fixas ou dilatadas e indicadores de abstinência como náuseas, inquietação, cólicas, sudorese, coriza, olhos lacrimejando e mudanças de humor.
Em todas as estratégias de mitigação de riscos, as etapas são as mesmas: identificar, avaliar e mitigar. A rotineira limitação de recursos dificulta a identificação dos riscos potenciais... só que a estratégia falha logo no início se o apontamento não ocorre. Erros repetidos de monitoramento e vigilância se destacam como fraquezas. É onde entra o suporte da Inteligência Artificial (IA), que mistura os talentos de TI, Gerentes de Perdas e especialistas em Saúde.
A IA usa algoritmos para a identificação de padrões e produtos de maior risco. Programas de software combinam dados de rastreamentona cadeia de suprimentos, prontuários médicos de pacientes e análises comportamentais da equipe de Saúde. Detectam prontamente quem está fora do padrão, e alertam a segurança. É possível saber se um farmacêutico do hospital liberou um medicamento enquanto não estava trabalhando, ou se um enfermeiro retirou uma droga às 09h, mas apenas ministrou as 14h. IA deve ser usada em conjunto com o sistema de monitoramento e vigilância, por uma equipe experiente, que sabe analisar dados, encontrar lacunas e apurar, quando apropriado. Todavia, IA não agregará valor se a equipe de segurança não estiver agindo efetivamente sobre ela.
Auditorias internas são a força vital dos programas de perdas bem sucedidos. Uma de suas funções mais importantes é avaliar o quanto os Gestores de Perdas estão atentos. Avaliam o cumprimento das Normas Reguladoras, assim como de políticas e procedimentos internos. Nesta esteira, medem a qualidade das apurações de desvios. A Auditoria vai abranger todo o ciclo das substâncias controladas, desde o início da aquisição até a distribuição ou descarte. Uma auditoria, quando feita corretamente, apontará desvios e indicará oportunidades de melhorias.
Auditorias independentes são altamente recomendadas, pois apresentam garantias e recomendações objetivas à organização. Os trabalhos devem incluir revisão e avaliação de políticas e procedimentos, controles, monitoramento, fiscalização e processos de melhoria interna. E ainda, avaliar as práticas de RH, políticas de abuso de substâncias e treinamentos de supervisores e funcionários.
As empresas devem se valer de especialistas de segurança versados nos requisitos e regulamentações para instalações mantenedoras de substâncias controladas. Sem a experiência necessária, um consultor pode recomendar investimentos elevados, para medidas de conformidades que não se aplicam à organização. Revisões contínuas de segurança, das ameaças, existência de políticas fortes e flexíveis, programas de treinamento, auditorias e mais auditorias, assim como uma cultura organizacional que exija de seus profissionais o conhecimento e a capacidade de mudança, colocarão os líderes de prevenção de perdas em posição de combater esses crimes.
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