Pópi, meu totó



Pópi e Moscou
 - Alexandre... se despede do Popi porque eu vou levar ele pra sacrificar. – Disse minha mãe segurando meu cachorro na janela do quarto.

Popi era um totó peculiar. Ele mesmo se “levava pra passear”. Explico. Era só colocar a coleira nele e ele pegava a guia com a boca e se dirigia ao portão. Na rua não era diferente... ele mesmo se conduzia. Outra mania dele era deixar meus amigos entrar em casa sem dar atenção, mas na hora deles irem embora... ele aguardava que chegassem até a metade do quintal e então saia em disparada latindo e tentando morder os calcanhares dos visitantes. E eu, claro, costumava abrir o portão para a perseguição continuar até a rua. Certa vez o Fê-Fê (Ver post Beijoca no nariz) teve que se esconder em uma loja do outro lado da rua para não ser mordido pelo pequeno, mas feroz, animal.


Pópi

Lembro que deixei ele cair dos meus braços quando ainda era pequeno e o resultado foi uma pata quebrada. Durante o tratamento foi necessária uma vacina e, para ele não morder o veterinário, tivemos que colocar uma sandália havaiana na boca dele. Infelizmente isto lhe custou um dente quebrado que ficou preso no chinelo após a aplicação.


Nossa! O Brasil ainda era Tri! Tô velho pra cassete!

Ele era alérgico a pulgas... cachorro alérgico a pulgas... parece piada. Certa vez ele pegou carrapato e minha mãe ficou encarregada do tratamento. Lembro dele quietinho, sem reclamar, mesmo quando minha mãe confundiu um de seus mamilos com o tal carrapato e quase decepou o animal.

Uma vez fomos viajar para o litoral e não pudemos levar o Popi. No terceiro dia de passeio minha avó (Ver post Milauzis) ligou e foi categórica...

- Voltem pq ele vai morrer. Não come de jeito nenhum!

Nunca mais deixamos ele sozinho. Fazia parte da família. Foi meu companheiro de infância, adolescência e parte da juventude. Quando eu estava mais velho e, devido a sua condição de saúde e ao descaso natural que os jovens dão à algumas importâncias da vida, fomos nos distanciando cada vez mais até que eu simplesmente não lembrasse mais dele.


Pópi em Santos - SP

Naquela fatídica tarde eu não me despedi. Estava no computador fazendo algo “importante” ou fui muito machão para dar o braço a torcer. Até hoje me arrependo de não ter pelo menos dado um beijo de adeus para aquele companheiro que nunca me abandonou e que fez parte da melhor fase da minha vida. Este é meu pedido de perdão e termino este post em lágrimas, que não podem retroceder o tempo e me deixar corrigir algumas falhas que cometi e que somente com a idade pude entender. 

Pópi viveu 18 anos. No final estava cego, tomava vários remédios e desmaiava constantemente e... foi sacrificado sem que eu dissesse meu último “Te amo”.



PS: Eu tinha 5 ou 6 anos de idade qdo minha mãe pegou ele pra criar. Tenho a lembrança nítida da 1ª vez q o vi, a 35 anos atrás, embaixo de umachuva fininha... tipicamente paulistana, na casa de um tio em São Miguel Paulista, ainda filhotinho... caramba... envelhecer é uma merd@! Hahaha
Abraço



2 comentários:

Veneranda disse...

Meu totó se chamava Sheik. Um pequenês ferrugem, sem-vergonha. Saía na sexta-feira à noite e só dava as caras no domingo. Sujo, às vezes machucado... minha mãe dizia que ele ia pra gandaia. Foi meu melhor companheiro também. Chorei, fiquei sem comer, adoeci quando ele morreu, já velhinho. Por mim ele poderia viver para sempre. E de certa forma, vive... nas minhas melhores lembranças.
Belo post.
Abraços!

Alexandre Moscone, CPP disse...

É amiga... nós vamos dando cada vez mais valor as pequenas coisas... acho q a idade nos ajuda a valorizar o q realmente importa na vida, não é?!?!

Bjo e valeu pelo texto. Muito bonito.

Postar um comentário